quem
eu sou
minha identidade se dissolve e reconstrói a cada novo espaço que permeio. ela se transforma a todo instante a cada novo estímulo; ao observar o jeito de ser do outro. tenho uma rigidez profunda que convive com uma flexibilidade sem fim.
vivo em contradição comigo mesma.
vivo entre questionamentos e tentativas de adaptações constantes nos novos lugares que ocupo. ao mesmo tempo que quero colo e raiz, minha alma pede novos lugares; pede movimentos; pede novos encontros. minha vida só faz sentido no encontro com o novo que me desconstrói. não quero só uma verdade. quero abrir mão do meu conservadorismo que ainda me machuca quando me vejo repetindo padrões que não quero mais ter com o outro. para isso, preciso de novas referências. preciso observar novas formas de relações humanas em novos espaços. preciso errar para reparar o erro. e para tudo isso, acolhimento.
trabalho interno
lapidar-se internamente exige tempo. trabalho interno emocional e espiritual também é trabalho. e digo mais: é doloroso e nos faz enxergar as nossas sombras mais difíceis de apaziguar. agora vejo com clareza o quanto a cidade grande pode nos afogar em pressa, ansiedade, gana e ego.
me vejo nisso tudo e percebo que é muito fácil cair no inconsciente coletivo quando ainda
não estamos estruturados emocionalmente e espiritualmente.
aprender a se proteger e a manusear as energias internas e externas sem se perder no meio do caminho é tarefa para os fortes de espírito. já abrir-se para um novo mundo, para uma nova forma de pensar, para uma nova forma de viver, para uma nova forma de se comunicar e se relacionar é tarefa para as almas corajosas, pois exige muita morte interna de padrões que mantemos por décadas dentro da gente.
quem é um buscador espiritual não é alguém iluminado. é o oposto disso. o buscador é uma alma
em busca de limpeza e aprimoramento, pois reconhece o quanto tem sombras e conflitos
internos para solucionar. sigo buscando a luz, pois dentro de mim existe muita escuridão inconsciente que se expressa em impulsividade, raiva, autoritarismo, isolamento e agressividade verbal. traumas, bloqueios, medos, inseguranças, paranóias e devaneios são os responsáveis por esses padrões destrutivos.
e como lapidar o nosso lado sombrio, se não o reconhecemos?
a nossa evolução espiritual inicia com a humildade de perceber os nossos defeitos e com a força de seguir buscando luz e clareza, por anos a décadas, para enfim conseguir administrá-los dentro da gente.
estou apenas no início dessa jornada. seguirei caminhando para dentro de mim. a frequência da natureza do nordeste tem reverberado aqui dentro. quero me firmar e conseguir vibrar mais e mais na frequência da amorosidade.
e só quando o amor transbordar na minha alma é que voltarei aqui para dividir ele com vocês.
sigo em processo.
passo-a-passo…
me desafio
a estar presente.
essa é a minha fala para todos meus pacientes e essa é a maior intenção da minha vida: estar presente e saber contemplar o
belo e o simples. desconstruir.
Sigo em viagem
sigo assim, buscando a profundidade da arte, das culturas, da natureza, da ciência e das trocas. me vejo errante, lamento, angustio. o meu anseio é ser alguém melhor. mas, enquanto isso, sigo errante, reproduzindo o que não faz mais sentido - mas que segue encrustado dentro de mim.viajo para me desfazer. para me desafiar. para me reconstruir. para ter novas referências. para ver minha pequenez. para questionar meus padrões inconsequentes. para perceber que não sou o centro do mundo. anseio por mudanças internas. seguirei. quero ser mais ampla, mais dinâmica, mais compreensiva. querer já é o primeiro passo. sigo tentando. quero ser mais humana comigo e com o mundo. quero me julgar menos e julgar menos o outro. como quebro essas raízes perfeccionistas?
sigo em viagem para me construir e desconstruir.
